Consolo em meio ao Sofrimento

Poder Cotidiano - #049

Eu nunca escolhi sofrer, mas o sofrimento simplesmente veio, sem aviso, sem pedir minha opinião. De repente, vi tudo que tinha planejado se despedaçar, e me senti pequeno diante de algo que não queria enfrentar.

No começo, só havia revolta e cansaço, como se eu tivesse sido jogado em uma tempestade sem guarda-chuva. Mas com o tempo, percebi que, mesmo sem querer, eu estava resistindo.

A cada dia que passava, mesmo no automático, eu seguia. E nessa resistência silenciosa descobri uma força que eu não sabia que existia em mim. Sofrer não foi uma escolha, jamais seria. Mas atravessar foi a única saída. E atravessando, aprendi que com ajuda do meu SENHOR, serei capaz de recomeçar, quantas vezes necessário for.

O cenário do Apocalipse é de sofrimento real. João está na ilha de Patmos, exilado “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus” (1.9). Ele escreve a uma igreja perseguida, espalhada pelo império romano, muitas vezes marcada pela dúvida e pela tentação de desistir.

Nesse contexto, a revelação não tem como objetivo apenas informar sobre o futuro, mas fortalecer a fé, sustentar a esperança e renovar a coragem da igreja. E Cristo aparece nesse cenário, não apenas como figura distante, mas como o Senhor vivo, presente e ativo em meio ao seu povo.

Do texto, extraímos algumas lições centrais:

1. Ouvir a voz de Jesus

João descreve que, “no dia do Senhor”, foi arrebatado em espírito e ouviu uma voz “como de trombeta” (1.10). O som de trombeta na Escritura é sinal de autoridade divina, de convocação e revelação.

  • A voz de Cristo se impõe sobre o caos. Ela não compete com outras vozes; ela as silencia.

  • A Palavra de Cristo é viva e eficaz. E é por meio dela que a fé nasce e se fortalece.

Hoje, essa voz ecoa nas Escrituras. A disciplina da leitura e meditação bíblica não é um peso, mas a forma de manter os ouvidos atentos ao Senhor que ainda fala. Quem negligencia essa escuta fica refém das vozes do medo, do mercado da fé ou da cultura atual.

2. Olhar para Jesus

Quando João se volta para ver quem falava, contempla o Filho do Homem em glória (1.12-16). A descrição é simbólica e teológica:

  • cabeça e cabelos brancos: santidade e eternidade;

  • olhos como chama de fogo: visão penetrante, juízo e discernimento;

  • pés como bronze polido: firmeza inabalável;

  • voz como de muitas águas: majestade irresistível;

  • espada afiada da boca: autoridade da Sua palavra;

  • rosto como o sol: glória radiante.

  • O Cristo apresentado não é o Jesus humilde de Nazaré, mas o Senhor exaltado, que reina sobre reis e impérios.

  • A visão de Cristo em glória revela sua soberania sobre a história e sua presença contínua entre os candeeiros (a igreja).

Olhar para Jesus é realinhar a perspectiva. Em vez de fixar os olhos apenas na dor ou nos poderes terrenos, o cristão é chamado a lembrar que Cristo governa. Isso gera esperança realista, crítica e transformadora, não baseada em otimismo humano, mas na realeza de Cristo.

3. Receber o toque restaurador de Jesus

João cai como morto diante da visão (1.17). É a reação natural da criatura diante da glória do Criador. Mas Cristo se aproxima, toca João com a destra e diz: “Não temas. Eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” (1.17-18).

  • O toque é um gesto de graça, não de juízo. Ele restaura o profeta, capacitando-o para a missão de escrever às igrejas.

  • O Cristo ressurreto é a garantia de que a morte foi vencida. Seu poder não é apenas cósmico, mas pastoral, pessoal, que levanta o caído.

Todos enfrentamos momentos de queda. Seja pelo medo, pelo pecado ou pela fraqueza. O evangelho nos lembra que Cristo não apenas ordena, mas toca. Esse toque restaura a dignidade, dá coragem e nos envia de volta à uma vida com propósitos definidos.

Apocalipse 1.9-20 revela que o consolo em meio ao sofrimento não vem de explicações fáceis, mas pela revelação de quem Cristo é:

  • : ouvimos sua voz nas Escrituras e confiamos.

  • Esperança: olhamos para o Cristo glorificado que reina sobre a história.

  • Transformação: recebemos seu toque e vivemos de pé, motivados a seguir firmes.

A mensagem é clara: o Cristo ressurreto não está distante, mas presente no meio do Seu povo, sustentando-o em cada geração. Essa visão molda nossa forma de viver, pensar e resistir, com senso crítico diante do mundo e coragem para perseverar até o fim.

📩 Até Segunda!

Com uma semana firmada em Cristo,
Poder Cotidiano

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