Quando Você não Sabe o Que Fazer

Poder Cotidiano - #056

Há momentos na vida em que as opções simplesmente se esgotam. Você analisa a planilha, reconsidera o orçamento, repassa os contatos da sua rede, busca uma solução criativa... e nada. O beco sem saída é real.

A sensação não é apenas de cansaço, é de uma impotência profunda, aquele tipo de desespero mudo que sussurra: "Acabou. Não há mais nada que eu possa fazer."

Foi exatamente nesse lugar de paralisia total que o rei Josafá se encontrou. Um exército iminente vinha para destruir sua nação. E em seu desespero, ele fez uma oração que ecoa através dos séculos e chega até os nossos dilemas cotidianos:

"Ah, nosso Deus... não temos força para enfrentar esse exército imenso que vem nos atacar. Não sabemos o que fazer, mas os nossos olhos estão postos em ti." 

Josafá (2 Crônicas 20.12 - ARA)

Essa confissão não é uma derrota. É, na verdade, o ponto de partida mais estratégico e poderoso que um ser humano pode adotar. Vamos desvendar juntos a sabedoria prática contida nesse verso.

1. A Força que Nasce da Admissão Sincera da Fraqueza

A primeira parte da oração de Josafá é crucial: "não temos força... não sabemos o que fazer". O termo hebraico aqui para "força", não é apenas vigor físico; refere-se também ao poder, aos recursos e à capacidade de agir com sucesso. Josafá está declarando falência completa de seus recursos humanos e estratégicos.

Esta é a pré-condição fundamental para a intervenção divina. Deus não pede que finjamos uma força que não temos. Ele opera a partir da nossa honestidade radical.

Nossa cultura idolatra é a da autossuficiência, mas o Reino de Deus funciona sob uma lógica diferente: a força é aperfeiçoada na fraqueza.

Na próxima vez que você se sentir sobrecarregado por um problema no trabalho ou um conflito relacional, pratique este passo. Em vez de repetir mentalmente "eu consigo, eu consigo", como um mantra de autoajuda, tenha a coragem de orar dizendo: "Senhor, minhas ideias acabaram. Minha paciência se esgotou. Minha inteligência não é suficiente para isso. Eu realmente não sei o que fazer."

Liberte-se do peso de ter que ter todas as respostas.

2. A Esperança que se Ativa com um Ato de Foco Intencional

O "mas" dessa oração é um dos mais poderosos das Escrituras. A fraqueza não é o fim da história; é a transição. Josafá move seu foco da imensidão do problema para a imensidão de Deus: "mas os nossos olhos estão postos em ti".

A expressão "olhos postos" não é passiva. No original, ela carrega a ideia de uma decisão vigilante de fixar o olhar. É um ato de vontade. Isso demonstra uma fé que é, acima de tudo, confiança em um caráter. Josafá não está olhando para um princípio abstrato, mas para uma Pessoa. Para o Deus da Aliança, O Deus fiel e poderoso.

Essa fala transforma a oração de um grito de desespero em uma estratégia. Quando a ansiedade sobre o futuro bater, literalmente pare e declare: "Meus olhos estão postos em Ti, não na conta bancária. Meus olhos estão postos em Ti, não no diagnóstico médico. Meus olhos estão postos em Ti, não na opinião das pessoas."

Você não precisa negar o problema, mas o colocá-lo na perspectiva correta. Diante de Deus.

3. O Senso Crítico que Discerne entre "Não Fazer Nada" e "Descansar no Agir de Deus"

Um equívoco comum é achar que "não saber o que fazer" nos condena à inércia. A história de Josafá desmente isso. Após essa oração, Deus lhe dá uma estratégia militar específica e inusitada: colocar os cantores na linha de frente. A obediência dele exigiu um enorme senso crítico para distinguir a sabedoria divina da loucura humana.

A fé que coloca os olhos em Deus não anula o cérebro; ela o direciona. Ela nos tira do centro e nos permite avaliar as opções a partir de uma nova fonte de sabedoria. Você deve parar de perguntar "O que eu posso fazer?" e começar a perguntar "O que Tu estás fazendo e como posso me alinhar a isso?".

Após ter admitido sua falta de força e fixado seus olhos em Deus, prossiga com o próximo passo lógico que a sabedoria comum indicaria, mas faça com um coração desapegado e vigilante. Vá à reunião, faça a ligação, pesquise a solução. Porém, faça como quem espera que Deus intervenha e redirecione o processo a qualquer momento.

Aja, mas com os ouvidos abertos.

A jornada de Josafá encontra seu clímax e significado mais profundo em Jesus. No jardim do Getsêmani, Jesus também enfrentou um inimigo esmagador. Ele também orou em agonia. E na cruz, ele bradou: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?".

Aqui está o mistério mais profundo: Naquele momento, por amor a nós, o Pai fez o que, em essência, Ele nunca faz. Virou o rosto. Ele permitiu que Seu Filho experimentasse o abandono total para que você e eu nunca mais fôssemos abandonados. A oração de Josafá foi atendida de forma cósmica e eterna na cruz.

Por isso, hoje, quando você ora "não sabemos o que fazer, mas os nossos olhos estão postos em Ti", você não está se dirigindo a um Deus distante. Está se dirigindo ao Deus que, em Cristo, entrou em nosso desamparo para nos resgatar dele. Sua maior crise já foi resolvida na cruz. As crises cotidianas são, então, convites a confiar no caráter daquele que já proveu a solução definitiva.

Quando você adota essa postura, algo muda. A pressão de ser o deus da sua própria vida some. A motivação deixa de vir do medo do fracasso e passa a fluir da confiança naquele que já venceu por você. Você para de lutar pela sua vida e começa a descansar na vida que Ele tem pra você.

Você pode até não saber o que fazer. Mas os seus olhos devem estar fixados no SENHOR.

Leia todo o capítulo de 2 Crônicas 20

📩 Até Segunda!

Com confiança e esperança,
Poder Cotidiano

Conhece alguma pessoa que na sua avaliação deveria receber esses textos semanalmente? Basta digitar o e-mail dela aqui. É rápido, gratuito e descomplicado

Quer ler os textos anteriores? Clique aqui

Reply

or to participate.